domingo, 17 de maio de 2009

DIA 4 - Moçaventura deixa o paraíso

Inhambane – Maputo

Hoje despedida de Inhambane. Por mim ficava..
Mas antes de arrancarmos procurei aproveitar ao máximo o dia já que ia passar mais de 6 horas a viajar de jipe.

Pequeno almoço cedo hoje sem o abuso do dia anterior pois íamos almoçar cedo para seguir viagem.
Depois só de calções procurei uma cadeira tipo espreguiçadeira para procurar esse sol moçambicano que tanto anseio. Tem sido uma verdadeira aventura a conhecer sítios novos, a encontrar verdadeiros tesouros, mas não paramos e eu e o meu amigo sol temos andado um pouco desencontrados nestes primeiros dias (vou ter tempo..). Mas foi mesmo aí quando menos esperava que a conheci… Preciso de vir para o sudeste africano para me apaixonar por uma loira!!! O nome só por si já encanta: Laurentina. Tão boa. Já não queria mais nada.

Depois de carregar com numa almoçarada malas para o jipe e adeus paraíso chamado Tofo (Inhambane).

Parámos primeiro no centro de Inhambane, para conhecermos antes de iniciarmos a viagem propriamente dita. Muito bonito Inhambane. Com a marca do tempo dos portugueses claramente ainda presente mas bastante mal tratada pelo tempo. Não pela erosão pura. Mas pela destruição pela não conservação. E é triste ver que a gente desta terra não constrói nada, nem minimamente conserva o que foi bem feito no passado. Aqui (Moçambique) parece que o relógio parou. O tempo não passou por aqui. O progresso não chegou a estas paragens. Praticamente o que existia é o que ainda existe hoje, mas degradado. Mas esta realidade diferente também de alguma forma fascina e torna este local uma mistura de paraíso com local perdido no tempo a caminho do abismo.


Arrancamos de Inhambane. Estamos pouco depois da hora de almoço. Muito alcatrão, muito buraco, muito palmeira pela frente, muita paisagem linda de se perder vista.

Vamos ter poucas paragens pela frente. Mas vamos a algumas ‘capelinhas’. Vamos às compras. Experiência brutal. Barracas de tangerinas, ou mais à frente de bananas, ou as de piri-piri, ou as de capulanas (tecidos africanos), ou mesmo artefactos e artesanato daqui. Mal o jipe abranda somos devorados pelos mocambicanos carregados de coisas para vender. Vendem tudo o que podem. Costumamos brincar que até a mãe, mas acho que essa já a largaram por uns meticais à muito lolol.. Depois regatear. «Hei tu anda cá!! Quanto é?? O piri-piri??... 100 meticais!!! O quê?!? Famba!! Vai!! Sai daqui!!... O quê 50?? Dá cá um frasco. Vá sai. Larga o carro!! Adeus…» Só assistindo.

Seguimos viagem. Zavora – Inharrime – Quissico.
Tenho de falar de Quissico. Eu não largo a máquina (vocês sabem quem é que me passou esta ‘doença’), sem ela não sou ninguém, só me acagaço um bocado quando saio do jipe numa povoação de barracas sem muito bom aspecto e os locais olham para mim de alto a baixo. Eu quero tirar fotos e estou naquela dúvida.. arrisco.. não. Mas não quero perder um momento, um pedaço desta viagem para mais tarde recordar e para partilhar com vocês. A Luísa avisou-me «Miguel lembrei-me de ti, como não paras, do nosso jipe vê-se sempre a máquina de fora. No Quissico vais ficar maluco, aí tem uma vista deslumbrante».
Antes de sairmos de Quissico e retomarmos a rota um pequeno percalço típico e necessário para uma verdadeira aventura. Fiz o alarme do jipe disparar, o João veio desligar entrámos todos para arrancar, o jipe nada. Fiquei chateado porque pensei que tivesse bloqueado. Acho que o jipe ainda estava quente quando o João o desligou, e depois não queria nada com ignição. Armado em parvo só com um empurrãozinho é que voltámos à estrada.


Aproximamo-nos das 17h portanto aqui significa adeus sol. Lado bom pôr do sol lindíssimo. Lado menos bom mais de 1h de estrada muito má à noite.

Capitão João levou-nos a bom porto. Chegámos a Maputo sãos e salvos. 6h de pura aventura em África.. Minha (por 3 semanas).


Beijos e abraços. Saudades apertam. Vivo isto e penso muito que adorava partilhar com quem deixei em Portugal.
Lágrima no canto do olho do Molungo Miguel.
Até amanhã.


Deixo só para terminar a frase do dia:

«Não sabes o que é África pois não?? Então ficas a saber».
Joao

Estou a aprender rapidamente e estou a adorar!!!

Amanha volto...

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